terça-feira, 13 de dezembro de 2011


Duas da madrugada de um Sábado gelado.

Lucas chegou em casa visivelmente perturbado. No estofado de seu Vectra, cápsulas e latas vazias denunciavam a noite que passara ao lado de boêmios e prostitutas. Mas isso  tinha pouco a ver com o seu estado. O desespero nos seus olhos era de quem finalmente acordara. “Mas para quê?” Se perguntava aflito. “Meus pais me dão grana sempre que eu peço. Foi a forma que eles encontraram para que eu perdoasse o fato de nunca estarem presentes. Hoje é meu aniversário e eu ganhei esse carro zero. E eu nem carta tenho”. Lucas descobria-se nessa madrugada um anjo imperfeito, de alma suja, um zumbi cujo desejo era apenas o consumo de drogas, sexo, prazeres artificiais numa busca sem fim por satisfação. Do lado de fora da casa podia ouvir a agitação de trabalhadores que já se dirigiam para os pontos de ônibus no intuito de pegar o primeiro circular para mais um dia de labuta. Ter um emprego era uma hipótese impensada na vida de Lucas. Ele jamais seria o mesmo depois dessa constatação. Tinha completado dezoito há algumas horas e o mundo sem prévio aviso explodia dentro de seu cérebro como uma bomba relógio, condenando-o a perecer como um fantasma e  continuar vivo seria levar para sempre a consciência da irreal condição humana de exploração e mentiras. “ Maldita Sara que me legou esse mal do qual não há cura senão o enfrentamento, mas não fui educado para isso. Meus pais me ensinaram a ser covarde e a respeitar as regras de convivência que me ditam uma moral que me beneficia, é claro. Beneficia minha vida vazia. Para a qual não poderei mais voltar. Maldita Sara!! Por que não guardou para você essa verdade?!”. De joelhos ao lado da cama, iluminado pela luz da televisão, sentia pela primeira vez a angústia de caminhar sem nunca chegar. Com as duas mãos em concha sobre suas pernas, contemplava o que lhe restara: a noção da mentira. A desilusão era o único sentido daquela madrugada. De resto tudo era absurdo.   

                  

João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Dia do BASTA em Ribeirão Preto

Ontem, após voltar do trabalho em Jardinópolis, passei na Explanada do Teatro Pedro II em Ribeirão Preto para conferir o protesto contra a corrupção e a favor da educação. O dia do BASTA. Cheguei lá antes do horário previsto. Encontrei apenas o público do Teatro na fila aguardando para entrar. Ninguém ali que tivesse cara de manifestante. Resolvi esperar. Dar uma volta no quarteirão. Dar um tempo até que alguém chegasse. A chuva que caia durante todo o dia já estava dando sinais de trégua.
Eis que encontro um grupo de cinco ou seis pessoas. Cartazes, mão direita pintada de branco e nariz de palhaço. Estéticamente perfeitos. A Imprensa também estava lá. Mentindo a verdade pra variar. Mais pessoas chegaram e juntaram-se a nós. Mesmo assim não havia reunido mais do que 20 pessoas. Ah!! também pintei minha mão de branco. Pintar o rosto de verde e amarelo não fez muito meu estilo, afinal: Será que devo ter orgulho do meu país??? diz a canção.
 O grupo resolveu andar. Começar a passeata. Foi aí que percebi algumas coisas que me incomodaram. As pessoas presentes podiam estar alí com toda a boa vontade do mundo, mas não tinha base politica. Nem alguém que soubesse de fato  qual era o foco do protesto. Preferi me calar e gritar coisas que achei relevante como FORA CORRUPÇÃO!!!! MAIS EDUCAÇÃO!!!! Para alguns alí a passeata parecia uma grande brincadeira. Não senti seriedade nesse movimento. Conheci duas ou três pessoas com quem pude desenvolver um diálogo enquanto os demais preocupavam-se em tirar fotos. Algumas adolescentes seguravam os cartazes fazendo pose de modelo. A Manifestação foi muita rápida. Logo já tinha acabado. Não foi feito nada de relevante ontem. E quando quiseram fazer. como por exemplo levar aquela passeata por menor que ela fosse até a Prefeitura, a que me pareceu a lider, impediu com o argumento de que manifestação não era politica e sim da sociedade civil. Ficou a pergunta, mas o que não é POLÍTICA? Tudo gira em torno da política.
Por fim, ter vontade de se manifestar é o começo pra tudo, se você se sente indignado, proteste. Não perca tempo. Só que entenda que essa luta é política e se você não mexer no vespeiro a situção continuará sempre a mesma. Espero que ocorram outras manifestações e que a adesão aumente, mas que pessoas sérias passem a fazer parte disso. Faltou conteúdo ontem. Não façam protestos e manifestações tornarem-se piadas.




João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.






segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


Um roteiro para habitar a escuridão atrás das pálpebras.

Olhar, sorrir os olhos, brilhar os olhos, tocar, dissimular a natureza do toque, descobrir uma marca evidente, imaginar o sabor dos lábios, abraçar além do gesto, sentir o coração alheio, despedir-se, desejar o reencontro, conviver com alguma espécie de saudade, escrever algumas linhas bobas, rasgar, ansiar um acaso, projetar o outro na tela escura dos sonhos, reencontrar, olhar, sorrir os olhos, brilhar os olhos, produzir frações de silêncio, quebrar os silêncios... silêncio... produzir um acaso, tocar, revelar a natureza do toque, a densidade dos lábios, o gosto da saliva, viver o abismo atrás das pálpebras, reabrir os olhos, refletir-se nas retinas do outro, permitir ao outro refletir-se nas suas retinas, sentir a memória dos lábios, habitar com sangue a epiderme da face, sorrir os olhos, sorrir os lábios, revelar os dentes, baixar os olhos, descobrir as mãos que se descobrem, comparar as mãos, o formato das unhas, medir o comprimento dos dedos, verbalizar a beleza, calar-se diante da beleza... silêncio... re-beijar, re-atirar-se ao abismo, viver atrás das pálpebras, invadir o avesso das roupas, revelar o avesso das roupas,  viver a pele do outro, beijar a nudez, morder a nudez, percorrer as planícies da pele, acomodar-se onde o corpo dobra, beber onde o corpo entra, onde o corpo excede, entrar o corpo, transpirar os corpos, produzir a fragrância do sexo, revelar a força dos músculos, a insaciedade animal, desorganizar os cabelos, revelar os sons que habitam o ventre, violar a nudez, dominar a nudez, cravar as unhas na pele, marcar a pele, explorar o limite dos músculos, expandir os limites do gozo, encontrar um segundo vazio, liquefazer o prazer em sêmen, descansar os músculos, percebê-los trêmulos, repousar um corpo sobre o outro, a cabeça sobre o peito, acompanhar com os olhos da pele gotas de suor que escorrem frias, permitir que mãos e pés continuem a movimentar seus dedos numa exploração mínima sobre o suor, sentir secar o suor, descobrir pintas ou pequenas cicatrizes em lugares ocultos, constatar as marcas rubras do sexo, memorizar a cor dos mamilos, o caminho das veias, a textura dos pelos, verbalizar, rir, calar ... silêncio...  Sorrir os olhos, brilhar os olhos, viver o abismo atrás das pálpebras...  


Uma pequena apresentação minha:

Murilo De Paula, sou formado pelo curso de Artes Cênicas da Unicamp. Artista Cênico, atuo um pouco danço talvez escrevo rabisco palavras desenhos qualquer coisa que caiba na voz que se faz entre um e outro. Atualmente faço parte do núcleo de dramaturgia do SESI/Britsh Consil, da Caleidos Cia de Dança e sou orientador de teatro pelo Projeto Ademar Guerra. Rabisquei, cortei e colei o Ancora Zine, e já que o Zine veio a mim com Mãe e Pai me declaro o Amante.



 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011


JORNADA PARA LIMEIRA COM O GARRAFÃO UNDERGROUND



Jornada é uma trajetória que se faz no período de um dia. E a minha, no dia 27 de novembro, começou por volta das 9h00 com um café da manhã reforçado. Pão, queijo, presunto, tomate e o tradicional café preto.

Às 10h00 já estava pronto e no ponto de ônibus para pegar o busão para Ribeirão Preto e de lá, junto com a galera do Garrafão, ir para a cidade de Limeira fazer um som com o Corvo de Vidro e as bandas Drenados, Mano Pinga e seus Comparsas e Necrofobia. 

Quando cheguei ao estúdio do Alex a galera já estava reunida a espera do ônibus que só chegou após às 13h00, mas tudo bem,  sem perder tempo guardamos os instrumentos, nos acomodamos e rumamos para Limeira. No trajeto muita conversa, bebedeira e música rolando.

O som rolou no Kingston Music Bar,  foi a primeira vez que toquei nesse bar. Um espaço muito joia, com vários cartazes colados nas paredes, entre eles um de 1999 que anunciava um som do PPA  com sua primeira formação em Cordeirópolis. Eu fiz parte dessa primeira formação. Que mundo, né??? Após a nostalgia, bora arrumar as coisas para tocar.

Esse evento em Limeira marcou a estreia da TV Garrafa, antes das bandas tocarem havia uma pequena entrevista realizada  por Taciana Ragazzi e Stella Cadurin que se empenharam muito nas entrevistas com os integrantes das bandas. Estou ansioso em ver o resultado desse trabalho.  

A primeira banda que tocou foi da casa mesmo, Keep Coins  de Limeira. Trouxe um vocal feminino que lembrou um pouco Dominatrix e um vocal masculino que me fez lembrar o grande Nenê Altro em alguns momentos. Nas sequência foi a nossa vez, banda Corvo de Vidro. Fizemos uma apresentação curta, mas empolgante. Mudamos a ordem de algumas músicas e acho que isso contribuiu. Começamos com “Incendiário na Terra do Nunca” e emendamos “Doença Imperfeita.” Acho que na real a banda também estava mais à vontade e isso foi muito positivo em nossa performance. Destaque para a participação dos integrantes da banda Go out ( Rafael Olodun e Eduardo Novaes )  que também iria se apresentar, mas infelizmente não rolou, nos vocais da música “Amnésia”  da lendária banda punk Cólera. Esse som foi nossa homenagem, não só ao Redson, como também ao amigo Evandro, baterista das bandas Crônicas e Cane's Foot que faleceu nesse mês.

O Mano Pinga e seus Comparsas foram os próximos e não precisa nem dizer que foi massa demais. Pena o calor lá dentro  ser muito grande e te obrigar a dar umas saidinhas de vez em quando para tomar fôlego. Para abalar de vez as estrutura do Kingston Bar, chegou a vez da banda Necrofobia com clássicos do metal e sons próprios da banda que todos ali sem exceção admiram.  Deu até vontade de ser cabeludo, mas logo essa vontade passou.

Para encerrar nossa noite, surgiu em cena a banda Drenados e seu novo integrante, Rafael Polin em uma das guitarras. Destaque para a vontade de tocar que todos na banda passam. Os caras tocaram o repertório completo, mesmo quando o público já começava a dar sinal de cansaço. “Vambora, já que estamos aqui vamos tocar.” ATITUDE!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Todos pro busa, bora pra Ribeirão. Quando chegamos já passava das 03h40 e o meu ônibus pra Serrana só sairia após às 05h00. Outros andarilhos juntaram-se a mim de volta para suas casas. Já fazia um tempo que não dava uma boa caminhada como essa. Caminhei sem pressa até a mini rodoviária de Ribeirão Preto. Uns 50 minutos pra chegar. Talvez um pouco mais. Mas valeu...a primeira turnê do Movimento Garrafão foi massa demais e terá que rolar mais vezes, ficam as lembranças que não são poucas. E como em todo fim de jornada o sentimento que fica é de dever  cumprido.




segunda-feira, 21 de novembro de 2011


É APENAS ROCK!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O que me motivou a escrever esse texto foi a história contada por um amigo que num domingo de manhã
( bandas de rock não deveriam ensaiar num domingo de manhã ) foi ensaiar com sua banda na companhia de três latas de cerveja. Um dos integrantes da banda o repreendeu e disse: “ cara, isso aqui é sério!!!” Se estivesse no lugar desse amigo responderia: “ desculpe, mas pensei que isso fosse apenas rock...”
Rock não e coisa séria, nunca foi. Pense nas maiores bandas de rock que já existiram. Quem ali era sério? Eram sim descontentes. Não queriam passar suas vidas trancados dentro de normas e padrões. Muitas bandas acabaram justamente quando um dos integrantes, deslumbrado pela fama, resolve burocratizar a relação de amizade e companheirismo e passa a cobrar dos demais regras comuns a uma empresa. Algumas dessas grandes bandas podem ainda existir, mas não são nem de longe o que eram quando simplesmente tocavam suas músicas sem se preocupar com os julgamento e interesse de possíveis empresários. O público que curti rock sabe reconhecer quando uma banda é honesta. E é para o público que se toca.
Quando toco minha bateria não penso em nada. Eu sou a música que toco naquele momento. As baquetas são uma extensão de meus braços. Faço isso porque gosto. Fiquei dois anos sem tocar por desgosto. Porque as bandas em que tocava antes se burocratizaram e tornaram-se cínicas e perversas. Espero que isso não aconteça de novo.
Cumpro normas e padrões de segunda à sexta-feira. Por mais que eu ame minha profissão sei de minhas responsabilidades. Não falo e nem faço tudo o que penso nesses dias. O trabalho exige uma postura que se aprende a duras penas. Não quero reproduzir isso nos meus finais de semana. Quero ser eu mesmo. Quero tentar ser feliz. O rock é pra isso. Significa isso.


Esse texto é uma homenagem ao amigo Evandro Silva ( in memoriam )  que sempre compreendeu o verdadeiro  espírito do Rock and Roll.



João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.













domingo, 13 de novembro de 2011


EMBRULHOS

Mozzambani

O escritor Luiz Mozzambani Neto de Monte Alto me foi apresentado pelo poeta Nicolas Guto de Ribeirão Preto durante a Feira do Livro de 2009 se não me falha a memória. Depois tive com ele mais alguns encontros esporádicos.  No dia 16 de outubro ambos participamos de   um encontro de Filosofia, Literatura e Música promovido pelo   Coletivo CULTURAMA MACC.

Nesse encontro comprei um de seus livros. Embrulhos. Após pedir ao autor que o autografasse, guardei-o na bolsa e lá ele ficou por uma semana. Certo dia, no ônibus para a cidade de Jardinópolis onde dou aulas, remexi minha bolsa e o encontrei ali no fundo. Comecei a Lê-lo e de imediato, ele passou a fazer parte das leituras que faço a caminho do trabalho, nos dois coletivos que pego. Serrana à Ribeirão Preto e Ribeirão Preto à Jardinópolis.

A primeira coisa que me chamou atenção em Embrulhos foi o cenário em que se passam as histórias. A antiga Fazenda Tabarana, antes dessa ser vendida à usina e transformada em canavial. Não, não conheci essa fazenda, mas tenho memórias de uma fazenda que visitava  na companhia de meu avô quando era criança. E meu avô trabalhou em  uma.  Minha mãe e meus tios foram nascidos e criados na  Fazenda da Figueira. Que teve o mesmo destino da Fazenda do livro.

Gostei do tratamento dado as personagens, como por exemplo,  os animais que   são chamados por nomes de “gente”  e se o leitor não prestar atenção pode mesmo achar que se está falando de uma pessoa.

O trecho do livro que mais mexeu com as minhas memórias de menino se deu no que o autor  narrou a morte de Rafael. Um porco branco que aguçou a curiosidade do “filhote do caipira”  levando  o moleque há um bocado de questionamentos. O porco foi morto pelo pai do garoto.

Lembrei-me nesse instante do noivado de um dos meus primos. Na cidade de Serra Azul. Eu estava sentado na sarjeta, assistindo minhas primas brincarem de pular corda e de olho nos fundilhos da minha prima mais velha que diferente das outras, ainda novinhas, usava calcinha vermelha. Devo a essa parenta muitas das minhas descobertas de moleque. De repente um grito chamou a atenção da molecada para o quintal da casa. "Corram!!!! Venham... o tio vai matar aquele porcão pra festa!!!!!!!”Corri em meio a trupe, mais interessado pelo vermelho da calcinha de minha prima do que pelo vermelho que saltaria do peito do pobre porco.  

Quando cheguei todos os parentes estavam em volta do porco e  meu tio calmamente explicava como seria o assassinato do pobre animal. Até que o pai da noiva disse. “ Deixa eu matar...eu nunca matei um...você me ensina, vai!!!!!” Meu tio deu a faca afiada na mão dele e disse, “enfia aqui, ó...” Nunca assisti cena tão horrorosa. O porco não morria. E o homem não parava de socar aquela faca. Virei de costas, não era capaz de testemunhar aquilo por mais tempo. Foi a desculpa perfeita para o “pai da noiva” dizer, “ é esse teu sobrinho, tá com pena do bicho...desse jeito não vai morrer mesmo.  Culpa desse moleque.” Corri pra fora da casa e fui sentar na calçada com as mãos nos ouvidos. Depois minha prima me contou que meu tio tirou a faca da mão do homem e terminou o serviço numa facada só. O meu tio tinha experiência em matar,  não só porco,  mas vaca, carneiro, alguns diziam que até gente.

O livro Embrulhos,  além das memórias despertadas, me surpreendeu bastante. Ainda mais no final que me deixou perdido sem saber para onde ia aquela narrativa. Recomendo a leitura.  


Luiz Mozambani é escritor independente e militante cultural da AGCIP. Autor dos livros:EMBRULHOS, A CIDADE QUE MATOU A ESTRELA e QUEIMA DO ALHO: alimento do corpo e da alma do peão de boiadeiro. Participou também da Antologia: WEB AZUIS, uma antologia de escritores virtuais.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nimbo

Mais um entardecer...
logo a noite reinará com todo seu
esplendor,
Mais uma vez soberana
Sombras, silêncio. bruma
Vozes retumbam distantes
Alguns pássaros se acomodam
Nas copas das árvores já adormecidas.
Um leve zéfiro gélido e boêmio sussurra
Uma doce mensagem de melancolia
lúgubre
As luzes das estrelas brilham, alucinam
ofuscam
Tudo em volta dos olhos inquietos, circunspectos
O corpo enfadonho, exausto e claustro
O rosto colado naquela janela
Onde as lágrimas frias miscigenam o mormaço
Daquele solitário vulto
Aforismos
Refletidos no espelho
Um moribundo ser com o coração embalsamado
Em seu mutismo e penumbra eterna...

Por: Thina Curtis




Thina Curtis é arte-educadora e  zineira de longa data, é editora do zine Spell Work.  Para saber mais sobre o zine entre em contato por e-mail (tinacurtis11@yahoo.com.br).






terça-feira, 1 de novembro de 2011

Três e meio

Mais um dia no ciclo da narrativa que me presentearam. Eu olho com cheiro de gente tímida e uma risada de bar. Paradoxal, mas completo e eterno leitor de beats. A caminhada do momento era a saudade e um amigo que tinha as palavras em três acordes de um anarquismo bem intencionado. Nos conhecemos no exercício acadêmico, o prazer se dava pela profundidade da poesia e pelas cervejas pós- aula. O papo era regado a punk, fanzines e literatura marginal. Um sonho era a elaboração de um zine nosso, com nossas ideias, textos, conceitos, e tudo que alimentasse nossa gula por cultura.

Dois jovens, uma energia, um canto, Piva, kerouac, Burgess, Agrippino de Paula, Wood Allen , Akira, Mosen, Kundera, Baudelaire, Bukowiski, Thoureau, Salinger, Pistols, Ramones, PPA, Bivar, Renato Alessandro e tantos outros que o caminho justifica.

Do outro lado do estado, ao sul, a terceira margem desse rio meu Grande Amigo- o ator. Esse sim, conhecia todas as máscaras que me coloram e também meus girassóis. Minha dialética intensa e socrática, e mostrava sutilmente uma beleza múltipla de artes. O palco nos uniu e a vida nos afinou na melodia do erro e do barro.

Franca cidade provinciana, pacata e capitalista, morta e bela, restrita e corrente, e elevada a estado de colina. Espaço vivo nos nossos pés. Decidimos depois de muita conversar fazer um fanzine.

Explico com maior devaneio, recortávamos, buscávamos imagens, palavras, sentidos, desenhos, tudo num xerox de prazer e uma árvore baobá de amizade. Nos divertimos, discutimos, entramos em divergência, em paridades, mas produzimos.

Depois de um tempo tiramos as malditas férias humanitista, como diria Quincas Borba, fomos cuidar da fome e do sistema. A saudade começou a corroer as estradas da lembrança, cada um na sua vida distante da própria massinha de verdades. Um lapso e o mundo tecnológico nos colocou frente a frente, viril ironia, e vamos envelhecer novamente nas surpresas dos vocábulos que nos encostam na parede da escolha...

Amizade é fazer um zine como desculpa do encontro e ética com o mundo, apesar de verdade é mais uma colagem.

Para João e Murilo, minhas reticências...

Leandro Rosa Félix , professor, baixista da banda livre docente de Franca e amigo de longa data, é o cara que iniciou o fanzine âncora comigo e que também pode reivindicar a paternidade desse blog.

 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011


Mais um gole na madrugada


        Caminhava solitário e descontente pelas ruas mal iluminadas da pequena cidade em que vivia. Pela cabeça, os pensamentos mais frios e sem vida o surpreendiam.Seus passos o haviam conduzido a rua principal, nela encontraria os diversos botecos freqüentados pela boemia local.Avistou um único bar aberto já que o excedente das horas fazia com que todos os outros já tivessem baixas suas portas.Não havia outra opção.Resolveu entrar e encerrar sua noite tomando mais duas ou três cervejas. Desenvolvera esse hábito, sair solitário após as baladas, andando desnorteado pelas ruas até encontrar algum boteco em que pudesse pensar sobre suas verdades e contradições.Um lugar que lhe oferecesse o silêncio necessário para junto de suas dúvidas tecer um diálogo interior a cerca de seus dias de solidão por vezes voluntária. No interior do bar, dois rapazes cercavam uma prostituta que dona da situação fazia-se de difícil.Numa outra mesa um pobre diabo que somaria dezessete anos incompletos, dormia envolto em seu próprio vômito.Sua face adolescente contrastava com a mesa suja.Repugnou-se com a cena e sentou-se na mesa que ocupava o extremo oposto daquele estabelecimento escroto, de costas para aquela cena horrenda que o impregnou de ódio e rancor eternos pela sórdida e vil condição humana.Não demorou muito para que a dona do  maldito boteco, uma gorda de cabelos oxigenados e seios enormes o atendesse e lhe trouxesse uma cerveja barata e alguns pedaços de salame acompanhados de uma fatia de limão num prato imundo.Enquanto bebia a cerveja e deglutia um pedaço de salame embebido em limão, flashs traziam a frente de seus olhos a face do garoto cercada de vômito por todos os lados.Desnorteado, fechava os olhos com força e levava as mãos à cabeça em visível desespero.Não agüentando mais a pressão interna virou sua mesa sobre a prostituta que negociava com os dois rapazes o preço da trepada.Os rapazes que eram brigões resolveram tirar satisfações e um deles teve a garrafa de cerveja quebrada na cabeça, a gorda do bar imediatamente chamou a policia, enquanto o outro rapaz espancava quem iniciou todo aquela confusão.







João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog.  É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra,  baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.


                                                                                                                          

                                                                                  

                                                 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011







Os pés...

                Explico o porquê, na verdade nem contei para explicar, estou na sensação, e um exercício violento para educar meus impulsos. Eu quase trinta, profissão prazerosa e pouco rentável, a vida e sonhos muitos mais acomodados que inertes, e a rotina no meu copo d'água. Já tinha desistido de Lord  Byron e as profundezas. Fui um misto de tentativas e medos. Experimentei o amor e a destruição. A futilidade e o enfrentamento desciam por escombros dentro de mim. Havia tomado uma decisão, ficaria para titio.

                Fevereiro primeira aula do ano, turma nova e boas expectativas. Galera atenta e disposta. A rotina e as descobertas de narrativas ansiosas pela muralhas da caminhada. Eles querem ser vistos da lua.  Reconheço alguém do meu passado próximo, passado em textos e teatros. Tinha trabalhado numa peça Roseana e ela estava lá no processo, não conversamos muito, mas foi o suficiente para gostarmos um da fotografia do outro.

                Com o tempo nos aproximamos,  eu profissional e ela curiosa. e percebemos que muita coisa nos afinidava. Música, teatro, dança e principalmente sensibilidade. Como adorávamos nos afundar nesse balde de sensações humanas. Nossas conversas foram ficando mais como álbum de figurinha, a todo momento um chegava com uma que faltava. Ela cheirosa, às vezes de cabelo molhado, e um detalhe que é um deleite, seus pés. Sim, sou um homem comum, com fetiches em pés. Eles eram pequenos, tamanho 34 ou 35, pele clara e fina, unhas grandes nos dedos, sem marcas           e perfeitamente encaixados num chinelo simples, mas que brilhava naquele instante.

                Fiquei apaixonada por eles, e aqui faço uma ressalva, ela também era bonita, pois raiz boa dificilmente dá frutos ruins. Sonhei meses com aqueles pés, mas não podia manisfestar nada, pois era minha aluna com seus dezessete anos. Sempre respeitei esta condição.

                Ela demostrava interesses pelas aulas, mas principalmente pelas conversas. E aqui confesso que evitei. Ela chegava mais cedo, propunha bons temas e espertamente sabia o eu que gostosa. Tinha o capricho de colocar Jaco Pastorius no mp3 só para me deixar louco, mas os pés me calavam, os sonetos amorosos de Vinícius começaram a fazer sentido. Tudo era brumal naqueles minutos.

                Um dia ela saiu chorando de uma aula, era pela sensibilidade, cada gota sua era uma enxurrada para mim. Percebi que ela começou andar pelos meus caminhos e me observar.

Quem imagina. Nos falamos de maneira objetiva, ela com aqueles pés que dariam um novo destino a minha vida e eu sem nada a oferecer. Nos encontramos numa festa, dançamos, rimos, não conseguíamos ficar longe um do outro. No meio do turbilhão, ela disse que iria embora comigo.      Custou-me um emprego, que foi o preço mais barato que paguei por algo sem valor mensurável e maravilhoso. Sim, fiquei louco, mas deixo minha inquietação e me exponho dizendo que sou vítima daqueles pés.

Um instante...

                Levei-a embora, ela estava sem sandálias, quando parei o carro em frente sua casa  e fui me despedir vi seus pés e reticente a beijei. Ela me entregou o sonho e  foi pela calçada. Seu cheiro me entorpeceu, seus pés marcavam minha estória para nunca mais ser a mesma. Aumentei meu som e ouvi o Vinícius recitando uma poesia, dizendo ao final, essa é a minha mais nova namorada.

                                                    


esse texto é Para Priscila Amaral....
leandro rosa felix, , professor, baixista da banda livre docente de Franca e amigo de longa data, é o cara que iniciou o fanzine âncora comigo e que também pode reivindicar a paternidade desse blog. 

sábado, 22 de outubro de 2011


Lançamento do terceiro livro de Regina Baptista  "Ato Penitencial".

( O âncora esteve presente. )



Conheço Regina Baptista já há algum tempo. Lembro-me dela das noites de cerveja e música no Cauim. Lá se vão mais de três anos.  Na época havia escrito seu primeiro livro “Cárcere Privado”.  Chegou a presentear  a  biblioteca da Fundação CASA com essa novela. Tive a oportunidade de ler algumas de suas breves narrativas  que mais tarde formaram seu segundo livro “Mundo Suspenso”.
No dia 21 de outubro pude conferir o lançamento de seu  terceiro livro, realizado nos Estúdios Kaiser de Cinema (Rua Mariana Junqueira, 33). Quando cheguei ao local, ela já estava autografando,  entrei na fila e aguardei a minha vez.  Após cumprimentá-la,  fiquei alguns instantes conversando com o também escritor de Ribeirão Preto, o simpático Toledo, dono de uma das mais impressionantes risadas que já ouvi.  Uma figura literária, com toda a certeza. Mais tarde juntou-se aquele grupo outros escritores, tais como, Nicolas Guto e Menalton Braff.  Tomei um champanhe, joguei um pouco de conversa fora e aproveitei a carona de amigos ( Elizabet e Rodrigo ) para ir embora.
Comecei a ler o livro de Regina no ônibus para Serrana e encerrei a leitura apenas hoje.  O conteúdo ainda está bem fresco em minha memória. O livro para mim não foi só uma obra de ficção que gostei muito de ler, como também me forneceu referências para estudos posteriores sobre o tema. Trata-se de um livro que não traz um fim em si mesmo.  Parabéns Re...SUCESSO!!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


Crepúsculo dos Ídolos - Monte Alto
                                              

No dia 16 de outubro uma van saiu de Serrana  com as bandas Corvo de Vidro e Íbis, além de amigos  e equipamentos, tais como cubos, guitarras, pratos de bateria...aquelas coisas necessárias para um bom barulho. O destino da van foi a cidade de Monte Alto e o objetivo da visita foi comemorar o aniversário de um dos maiores e mais influentes filósofos da modernidade, mesmo que muitos ali dentro daquele “espaço motorizado sobre quatro rodas”  só tenham ouvido falar nesse cara bigodudo e sua filosofia libertária. Para não cansar o leitor, pararei por hora de falar sobre o filósofo, mas voltarei a mencioná-lo e em doses tão homeopáticas que talvez nem perceba.

Tocar em Monte Alto para a banda Corvo de Vidro significou o fim de uma trilogia: Serrana, Monte Azul e Monte alto. Foi massa demais tocar nessas três cidades. Cada qual trás consigo sua singularidade.

Ao descer da van, a primeira coisa que fiz,  foi checar os níveis de álcool e nicotina do sangue e tratar logo de equilibrá-los. Acendi um cigarro e caminhei  até o bar que estava fechado e só abriria mais tarde. Restava-me procurar coisas a fazer. Finalmente, entrei no Anfiteatro Municipal de Monte Alto, revi amigos, tiramos fotos, dei uma conferida  no Varal de Poesia, com exposição de trabalhos de artistas nacionais, ligados ao Fora do Eixo (FDE) e Fora do Eixo Letras (FEL). Aproveitei para deixar meus zines por ali também. Na mão direita de Thaisa está a compilação do Âncora zine, em breve sairá um novo número, e na mão direita de Danilo, o cd/coletânea com músicas das bandas Corvo de Vidro e Mano Pinga e seus Comparsas. Além do som, o zine também traz  um texto que apresenta o Movimento Garrafão Underground e suas intenções. 



Teve também uma exposição do artista plástico Iron V. King, com sua arte crepe, que sempre deixa a todos um tanto quanto chocados por sua ousadia.

Depois disso a banda se reuniu e fomos juntos ( não é lindo? ) visitar o Museu de Paleontologia da cidade que fica logo ali “ du ladim “ e “abriga os fósseis recolhidos nos arredores da cidade e mesmo nas cidades vizinhas, provenientes de depósitos fossilíferos associáveis às formações Adamantina e Marília do Grupo Bauru, Cretáceo Superior continental da Bacia do Paraná.” Isso eu não sabia. E você? Agora a gente sabe.











Quando voltamos ao Anfiteatro, o Marco Buzetto ( que organizou todo o encontro ), convocou-me para o início do bate-papo sobre Nietzsche. Além de mim, estavam presentes nesse encontro a  psicóloga e especialista em Filosofia e Educação, Fernanda Berganton e o escritor local ( que já conhecia ) Luiz Mozzambani Neto de quem comprei um livro, e falarei sobre ele assim que terminar de lê-lo. O nome do livro é “ Embrulhos “. Foi o primeiro autógrafo colhido para o blog.
O bate papo foi muito bom, começou com Nietzsche  e passou por Monteiro lobato, Rafinha Bastos, Sertanejo Universitário, Identidade Cultural, Quem é o caipira, afinal????? Questões, polêmicas, dúvidas...elementos fundamentais a filosofia. Gostei. Obrigado pelo convite Marcão. Estamos aí. Com tantas idas e vindas passamos da hora. Mas o que é o tempo, senão um mero conceito.
E o som começou a rolar com o casal de Monte Azul Paulista Que Miras Chicon http://www.quemiraschicon.com/que mandou ver seu banjo distorcido e batera na velocidade da luz.
Na sequência a banda Ìbis http://ibisrockdevarzea.blogspot.com/  de Serrana  em sua mais nova, nova... recente formação. Veja a foto.

Estranhamente, e para nós foi uma honra, a Banda Pesadelo da cidade de Guariba http://www.bandapsd.com.br/ tocou antes do Corvo de Vidro. E arrebentaram, afinal, anos de estrada, de rock na veia. O Alan, guitarrista do Corvo de Vidro é fã da banda desde de moleque e curtiu muito a apresentação.

Para fechar os trabalhos do dia. Foi a nossa vez de  tocar. Corvo de Vidro. E que massa, o pessoal que estava presente participou. Desde a última apresentação percebo que a galera começa a conhecer as músicas e curtir mais a banda tocando.  Que isso se repita sempre. Destaque a mais uma homenagem que fizemos ao Redson, vocalista da banda Cólera que faleceu em setembro. Dessa vez, al ém de “Amnésia” que é o som que já tocamos,  contamos  com a participação de Luizinho da banda Pesadelo e Brasileiro do Ìbis na música “ Medo “.  


Por fim, o saldo do evento acho que foi positivo para todos os envolvidos. Valeu Marco Buzetto, "tamo junto, man". 

 As fotos acima foram tiradas na sua maioria por Alan Belíssimo, guitarrista da banda Corvo de Vidro.





sábado, 15 de outubro de 2011



2ª Intervenção Urbana em Ribeirão Preto

Corvo de Vidro e Mano Pinga e seus Comparsas








Um raio cai sim duas vezes em um mesmo lugar. Isso foi comprovado hoje, 15 de outubro de 2011. Além de marcar o dia dos professores, marcou também a segunda intervenção promovida pelo Movimento Garrafão Underground. As mesmas bandas ( Corvo de Vidro e Mano Pinga e seus Comparsas ) e também as mesmas reações do público que parou, estranhou, mas depois fotografou e se divertiu com as bandas. Tiveram também algumas turbulências, mas que foram rapidamente contornadas. Voltaremos a elas depois.
Como em um vídeo tape, o Corvo de Vidro foi a primeira banda a tocar. Senti dessa vez os populares mais próximos de nós, incentivando e aplaudindo. Alguns mais exaltados proporcionaram um show a parte. Dançaram, pularam, tiveram por alguns instantes suas vidas assistidas pela sociedade que lhes dá as costas. Nesses instantes lembrava-me de um som do Cólera chamado “ Os bêbados “ que diz: “ latas sujas e vazias na estação, todo dia sem motivo lá estão... cada vez mais que antes eles beberam e voltam sempre pro refúgio da estação”. A palavra estação nesse caso seria substituída por mercadão. Sem que me desse conta do tempo, já estávamos no final da quarta música e eu cantaria a quinta. Uma homenagem ao guitarrista e vocalista de uma das bandas pioneiras do Punk nacional, Redson Pozzi, da banda Cólera. “...esse som é para nunca esquecermos, esse som é para jamais termos amnésia.” Para mim o momento alto de nossa apresentação, já que cresci ouvindo essa banda e aprendendo muito sobre a vida com as mensagens certeiras de suas letras. Outro momento digno de nota foi quando, ao comunicarmos o fim da apresentação, ouvimos algumas vozes que pediam para tocarmos “simplesmente Gelada”. Voltamos e tocamos. Foi nosso primeiro bis. Mais uma vez, como em um flashback, Alan, Guitarrista do Corvo de Vidro, anunciou a próxima atração – E agora, Mano Pinga e seus Comparsas.
Parte das turbulências que enfrentamos e que atrasou o início do som, foi a energia que faltou no Mercadão e tivemos que conseguir uma outra fonte. Começamos tarde e as duas bandas precisaram encurtar o seus repertórios. O Mano Pinga e seus Comparsas começaram com toda energia sua apresentação, mas infelizmente apresentaram somente quatro músicas já que o horário de nossa permissão havia terminado.
Durante o som das bandas, foram distribuídos fanzines /coletâneas com sete músicas. Quatro do Mano Pinga e seus Comparsas e três do Corvo de Vidro, sendo que uma delas “ Doença Imperfeita, foi gravada no Estúdio Garrafão. O zine também trouxe a release das duas bandas e uma apresentação do Movimento Garrafão que você poderá ler na sequência.

Muito prazer!!!! Movimento Garrafão Underground.
Chegamos para ficar!!!!!!!!

O Movimento Garrafão Underground surgiu em 2011, através da união de pessoas interessadas em levantar o movimento underground e independente dos cenários musical e artístico ribeirão-pretanos.
O estopim se deu com o sucesso do Arena Rock 2011, o maior festival de Rock de Ribeirão Preto, que foi levantado de forma independente e com poucos dias hábeis. Disso, apareceram novas ideias e propostas para fortalecer o cenário Rock and Roll da cidade, que já há algum tempo se encontrava abandonado. E esta é apenas uma delas.
Sua sede está localizada no Garrafão Underground Estúdio, onde são realizadas as reuniões, encontros, preparação e planejamento de ações do grupo.
Nosso movimento deseja criar um espaço onde as bandas possam divulgar seu trabalho livremente, ter acesso a shows, eventos e locais pra tocar, conceder entrevistas via livestream e obter dicas e apoio para preparar material para divulgação.
Na manhã de 24 de setembro de 2011, o movimento realizou uma intervenção no Espaço Cultural, localizado no corredor entre o Mercadão e o CPC. O fluxo de transeuntes foi interrompido pelo som das bandas, Corvo de Vidro e Mano Pinga e seus Comparsas. Todos paravam, fosse para dar uma olhadinha, ou para tirar fotos. Com o sucesso da intervenção, resolvemos realizá-la outra vez. Dessa vez as bandas terão seu material divulgado numa coletânea que acompanha o zine. Além da apresentação do Movimento Garrafão Underground, o leitor também terá acesso às releases das bandas. Ações como essa, serão realizadas com frequência, portanto fiquem atentos às novidades que certamente virão.
Já comprovamos que com pessoas interessadas, com esforço, dedicação e acima de tudo, união, poderemos fazer o movimento crescer cada vez mais e enraizar concretamente a cultura Rock and Roll, que já está opaca há um bom tempo na cidade.
Esperamos que  todos se juntem a nós, para um trabalho e esforço conjunto e satisfação geral do público Rock and Roll.
Long Live Rock and Roll!