domingo, 26 de maio de 2013

Impressões sobre a primeira noite de Se Vira Ribeirão

Vou escrever agora esse texto, é tarde de domingo, antes que as impressões da noite de ontem, madrugada e manhã de hoje se percam. Cheguei a Ribeirão Preto após as 15h00, fui até a UGT me informar sobre o início da roda de conversas infinitas sobre o ensino público. Ainda estavam montando o espaço, aproveitei para dar uma mão. Feito o trampo, iniciou-se a conversa. Professores com os mais diversos pontos de vista falaram suas impressões a cerca da educação em São Paulo. Concordei com o ponto de vista de uns e de outros nem tanto, mas é assim que funciona a democracia. Encaminhamentos foram feitos e em breve novidades virão nas redes sociais sobre o tema educação em Ribeirão Preto e Região. Aguardem!!!
Encerrado o bate-papo sobre a Escolas Públicas, fui dar uma mão para a equipe de som no palco. Para quem está lendo e não sabe ainda,  o Se Vira Ribeirão não é um simples evento. Trata-se de um movimento que reúne artistas e a sociedade civil em um processo 100% colaborativo que existe desde o ano passado e vocês ainda ouvirão falar muito dele. Quando cheguei o palco estava sendo preparado para a banda “Sinhô Adonai & Reggae do Gueto. “Bom demais. O clima reggae tomou conta da baixada nesses 40 minutos. Na sequência a “Gran Modern Glasses” fritou os tímpanos de quem estava presente  no palco em frente a UGT.  O som não parava na baixada. Sem perder tempo a “Blue Sunset” mandou ver na outra ponta da Bonifácio. Um som tranquilo se comparado às pedradas sonoras da banda anterior.

Acendo um cigarro e caminho até próximo a UGT. No palco  estão os caras da banda “Chic Hernandez”  que une  os ritmos das Américas e África e cria uma sonoridade particular a partir dessa mistura. Gostei do som. Trilha sonora perfeita para fumar um cigarro e tomar uma ceva.
Quando voltei para o  extremo oposto da Bonifácio. Surgiam os primeiros acordes de” Vinil Verde” uma banda influenciada por  Los Hermanos, mas que aos poucos dá cara aos próprios sons. Ótima apresentação.
Quase 23h00. Chegou a hora de curtir um Blues. Nada mais indicado que o “Blues Insonia”. Se alguém estava cansado, certamente renovou todas as suas energias nesses 40 minutos de apresentação. Bom demais e está a cada ano melhor e é assim que deve ser.  Perdi a banda que tocou após o Blues Insônia e quando regressei a baixada o Go Out estava a postos e mandaram  benzaço mais uma vez. Todos curtiram e pudemos enfim ver uma roda de pogo se  abrir  na Bonifácio. “A partir daí a coisa só iria esquentar cada vez mais.” Mano Pinga e seus Comparsas” arrebentaram na sequência e quem estava assistindo foi à loucura.  2h00 passadas e foi a vez do  instrumental lisérgico com voz da banda “Miss Lane”. Para dar mais embalo a madrugada do domingo que se iniciava,  Leser  e sua banda compareceram cheios de ideias e rimas. Não conhecia a banda Le Biggust que entrou na sequência, mas curti muito a energia do power trio.

Por fim restavam as rodas de samba e começar devagarinho a guardar as coisas. Aos poucos a baixada se esvaziava e o barulho das guitarras dava espaço ao ronco dos carros que começavam a se agitar na avenida.

 Acompanhe as informações e fotos do que aconteceu e do que ainda vai acontecer no Se Vira Ribeirão neste endereço https://www.facebook.com/seviraribeirao?ref=stream&hc_location=timeline 




João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

É apenas Rock

O que me motivou a escrever esse texto foi a história contada por um amigo que num domingo de  manhã
( bandas de rock não deveriam ensaiar num domingo de manhã ) foi ensaiar com sua banda na companhia de três latas de cerveja. Um dos integrantes da banda o repreendeu e disse: “ cara, isso aqui é sério!!!” Se estivesse no lugar desse amigo responderia: “ desculpe, mas pensei que isso fosse apenas rock...”
Rock não e coisa séria, nunca foi. Pense nas maiores bandas de rock que já existiram. Quem ali era sério? Eram sim descontentes. Não queriam passar suas vidas trancados dentro de normas e padrões. Muitas bandas acabaram justamente quando um dos integrantes, deslumbrado pela fama, resolve burocratizar a relação de amizade e companheirismo e passa a cobrar dos demais regras comuns a uma empresa. Algumas dessas grandes bandas podem ainda existir, mas não são nem de longe o que eram quando simplesmente tocavam suas músicas sem se preocupar com os julgamento e interesse de possíveis empresários. O público que curte rock, sabe reconhecer quando uma banda é honesta. E é para o público que se toca.
Quando toco minha bateria não penso em nada. Eu sou a música que toco naquele momento. As baquetas são uma extensão de meus braços. Faço isso porque gosto. Fiquei dois anos sem tocar por desgosto. Porque as bandas em que tocava antes se burocratizaram e tornaram-se cínicas e perversas. Espero que isso não aconteça de novo.
Cumpro normas e padrões de segunda à sexta-feira. Por mais que eu ame minha profissão, sei de minhas responsabilidades. Não falo e nem faço tudo o que penso nesses dias. O trabalho exige uma postura que se aprende a duras penas. Não quero reproduzir isso nos meus finais de semana. Quero ser eu mesmo. Quero tentar ser feliz. O rock é pra isso. Significa isso.

Abaixo está uma foto que ilustra muito bem as mensagens do texto que escrevi, tirada no dia 26/06/2012. Uma foto que simboliza esse espírito que só existe em bandas que ainda gostam de fazer apenas rock.

foto tirada por  Stella Cadurim Lopes. no baixo está ratão 


João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.






segunda-feira, 20 de maio de 2013

poema para três girassóis


ganhei girassóis
 girassóis de verdade
 não sairam do poema de ginsberg
 e nem do quadro que tenho em meu quarto
 trata-se de um  presente
 é assim que chegam até mim
 como oferendas
 sempre no momento em que mais preciso
 meu primeiro girassol
 chegou em forma de poesia
 em um uivo louco
 em uma noite triste
 e eu o devorei
 palavra por palavra
 saboreei cada verso
 e só parava de mastigar  nas vírgulas
 para relembrar o sabor dos verbos passados
 meu outro girassol
 brotou de mãos aprisionadas
 da solidão da cela
 para a da minha casa
 vive preso em uma parede
 a velar o meu sono

 os girassóis de agora
 não foram pintados
 e nem imaginados em metáforas
 esses de agora têm perfume
 precisam de cuidados
 há muita vida em meus três girassóis
 esses agora estão em um vaso
 um mais alegre
 o outro mais sensato
 e o mais velho triste
 sou muito amigo do mais velho
 gosto da mistura da essência
que os três exalam
um não poderia viver sem o outro
 há vida e morte em sua pétalas
 assim como em minhas lágrimas.



João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.



domingo, 5 de maio de 2013


O sumiço de Andreia

Andreia jamais se levantava da cama antes que o sol atingisse o centro do céu. Por mais que o mundo lá fora pedisse sua presença. Porém, num dia atípico, daqueles que dificilmente acontece, ninguém sabe se por insistência dos carros e motos que roncavam na sua rua, resolveu levantar-se. Toda casa se surpreendeu. As pantufas aos pés da cama quase morreram com o susto, arrepiaram suas pelúcias e esconderam-se apavoradas.  Seus pés tocaram o chão e ambos sentiram-se... gelados. E lá se foi Andreia, vestindo a camisola dada pela sua avó, transpassando e respirando o ar da manhã e bastante surpresa com a novidade. Pelo corredor, as paredes perguntavam aos quadros nelas pregados, o que estaria fazendo acordada tão cedo. O medo do diferente tomava toda casa. Todos tentavam uma explicação para o absurdo daquela manhã. Andreia caminhou pelo corredor estreito e mal iluminado. Procurava a porta da rua, mas a chave se escondia atrás do pinguim de geladeira. Seus pais com o barulho causado pelos inusitados passos se levantaram e foram correndo ver o que estava acontecendo, mas já havia encontrado a chave fujona e destrancado o portão  que durante muito tempo lhe escondera a visão de qualquer horizonte e  apresentava a seus virgens olhos azuis o negro viril do asfalto. O sol a contemplava serena e lhe exibia seu desprezo de rei.  Nunca mais voltou depois daquela manhã.  Seus pais resolveram trancar a porta de seu quarto para sempre. Tiraram de dentro dele somente as lembranças que guardaram no fundo de seus corações. Tirando-as de lá apenas nos dias em que a saudade aparecesse para fazer sua incomoda visita. Hoje, nem a polícia mais procura por Andreia. É como se ela nunca tivesse existido. No interior de seu quarto nem sua cama, aparelho de som, livros e cds se lembram dela, porque afinal, seus pais tiraram-lhes as lembranças e deixaram  em seu lugar somente a companhia insólita do tédio, que não quer saber mais de ir embora.

João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.




sexta-feira, 3 de maio de 2013

Bambix em São Carlos - 25 anos de estrada


A noite de terça-feira em São Carlos, véspera de feriado do dia do trabalho,  foi de muito punk rock e hardcore. A ideia a princípio era que todos  fôssemos de van para Sanca, mas as circunstâncias fizeram com que passássemos para o plano B e todos fomos de carro curtir a volta da banda holandesa Bambix ao interior de São Paulo . Lembro-me da banda por aqui há 10 anos na cidade de  Ribeirão Preto.
Eduardo Porto - Casa Fora do Eixo de Sanca
Partimos de Ribeirão  em dois carros, escalaram-me no carro que seria ocupado pelos irmãos e integrantes da banda Go Out, Tadeu e Túlio,  o vocalista dessa mesma banda, Dú e o motorista e proprietário do carango. Topo. A viagem foi animadíssima e o papo constante nos mais de 100km que separam as duas cidades. Os demais integrantes da banda e respectivas esposas viajaram no segundo carro.
Gostei de conhecer o espaço em que se realizaria o evento. Não se trata apenas de uma Casa de Shows. É também um espaço  de cultura, arte e gastronomia. Fica a dica para que conheçam e visitem porque não irão se arrepender. Puta lugar massa esse Gig – comida, música e arte. Taí a page pra saberem mais: https://www.facebook.com/Letsgig

A primeira banda a se apresentar foi a Mentelibre. Banda da casa e de amigos que conheci na Casa Fora do Eixo de Sanca, quando toquei no ano passado com a PPA de Serrana. Massa demais a apresentação. Gosto muito do formato power trio e sou fã incondicional de  punk rock. Na sequência foi a vez dos Brothers da Go Out. Foi a primeira vez que os vi com o novo batera. Portuga nas baquetas e a banda toda fizeram uma ótima apresentação que foi aprovada por todos os presentes. Os caras estão no segundo EP e vêm em uma crescente de sons novos e apresentações muito boas.
Eduardo Porto - Casa Fora do Eixo de Sanca

Eis que o momento que todos esperavam finalmente chegou. O Bambix estava para começar a tocar. Eu fumava um cigarro quando ouvi os primeiros acordes. Deixei -o pela metade e corri para a muvuca. Surpreendente a performance dos holandenses.  O rock é mesmo rejuvenescedor. São 25 anos de estrada e Wick ainda é uma adolescente quando está com sua guitarra em punho. Sensacional a performance de todos os integrantes.

Por fim, após tamanha explosão de energia só nos restava  dar um até breve aos amigos,  mais algumas cervejas e muita conversa fiada no caminho de volta pra casa.



João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão