terça-feira, 1 de novembro de 2011

Três e meio

Mais um dia no ciclo da narrativa que me presentearam. Eu olho com cheiro de gente tímida e uma risada de bar. Paradoxal, mas completo e eterno leitor de beats. A caminhada do momento era a saudade e um amigo que tinha as palavras em três acordes de um anarquismo bem intencionado. Nos conhecemos no exercício acadêmico, o prazer se dava pela profundidade da poesia e pelas cervejas pós- aula. O papo era regado a punk, fanzines e literatura marginal. Um sonho era a elaboração de um zine nosso, com nossas ideias, textos, conceitos, e tudo que alimentasse nossa gula por cultura.

Dois jovens, uma energia, um canto, Piva, kerouac, Burgess, Agrippino de Paula, Wood Allen , Akira, Mosen, Kundera, Baudelaire, Bukowiski, Thoureau, Salinger, Pistols, Ramones, PPA, Bivar, Renato Alessandro e tantos outros que o caminho justifica.

Do outro lado do estado, ao sul, a terceira margem desse rio meu Grande Amigo- o ator. Esse sim, conhecia todas as máscaras que me coloram e também meus girassóis. Minha dialética intensa e socrática, e mostrava sutilmente uma beleza múltipla de artes. O palco nos uniu e a vida nos afinou na melodia do erro e do barro.

Franca cidade provinciana, pacata e capitalista, morta e bela, restrita e corrente, e elevada a estado de colina. Espaço vivo nos nossos pés. Decidimos depois de muita conversar fazer um fanzine.

Explico com maior devaneio, recortávamos, buscávamos imagens, palavras, sentidos, desenhos, tudo num xerox de prazer e uma árvore baobá de amizade. Nos divertimos, discutimos, entramos em divergência, em paridades, mas produzimos.

Depois de um tempo tiramos as malditas férias humanitista, como diria Quincas Borba, fomos cuidar da fome e do sistema. A saudade começou a corroer as estradas da lembrança, cada um na sua vida distante da própria massinha de verdades. Um lapso e o mundo tecnológico nos colocou frente a frente, viril ironia, e vamos envelhecer novamente nas surpresas dos vocábulos que nos encostam na parede da escolha...

Amizade é fazer um zine como desculpa do encontro e ética com o mundo, apesar de verdade é mais uma colagem.

Para João e Murilo, minhas reticências...

Leandro Rosa Félix , professor, baixista da banda livre docente de Franca e amigo de longa data, é o cara que iniciou o fanzine âncora comigo e que também pode reivindicar a paternidade desse blog.

 

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