Sempre fui uma figura fácil de ser encontrada na Feira do
Livro de Ribeirão Preto, mas nesse ano visitei apenas um estande, que foi o dos
autores locais para ver meus amigos, o poeta Nicolas Guto e a escritora Regina
Baptista. E assisti apenas a um salão de ideias, do professor e amigo Menalton Braff. Sempre que assisto a
um Salão de ideias em que ele participa, levo embora duas ou três reflexões
para aqueles momentos vagos em casa em que ficamos caçando coisas para se pensar.
Dessa vez, ficou para mais tarde, reflexões sobre as relações entre vida e
morte. O que sentimos, de verdade,
quando alguém próximo a nós morre???? Tristeza, Fragilidade, alívio????? Não
sei e não é agora que vou pensar sobre isso. Agora desejo escrever sobre um espetáculo. Um
tributo ao Rock Inglês protagonizado pela banda Blues InSônia. Fantástica apresentação. Como um adolescente, deixei de ir a escola
para não perder o show, a diferença é que hoje não estou mais na condição de
aluno e sim de professor, mas tenho certeza de que meus alunos entenderão a
minha falta na sexta-feira à noite.
Entre o tributo ao Rock Inglês, as visitas ao estande dos
autores locais e o Salão de Ideias, há um hiato memorável que passei ao lado
dos amigos Ratão, Fabrício, Lemão e Zoyo
Comparsa. Histórias que de tão intensas
não cabem em palavras. Estão além dos signos. Vou tentar resgatar alguns
momentos da nossa viagem a São Carlos
pra ver Mano Pinga e Seus Comparsas e Garotos Podres.
Saímos de Ribeirão Preto após às 21:30 da noite. Acho que além
do carro de Fabrício, havia mais dois ou três, não me lembro ao certo. Na
direção do Vectra, Danilo Ratão, ao seu lado Fabrício Coelho,
viajei sentado no banco de trás, muito bem acompanhado de uma
cerveja e cigarros. Companhia que todos no carro desfrutavam. Menos o
motorista, claro. Chegamos ao local do
evento, um Festival de Música Independente na USP, e uma das bandas que
gostaríamos de ver, Stranhos Azuis, já havia tocado. Restava esperar pra ver
Mano Pinga e Seus Comparsas e os
impagáveis Garotos Podres. Alguém então me disse que a ordem das bandas
seria invertida, e que os Garotos Podres tocariam antes da Mano
Pinga...Sem perder tempo, arrumei um bom lugar para ver de perto os Podres.
Todos alí se perguntavam, mas por que será que os Garotos tocarão agora????? Um
rapaz ao meu lado, então me disse. Veja, o Mau, não se aguenta em pé. Se não
tocarem agora, não tocam mais. Assim que me virei para o palco, os Garotos
Podres começavam a tomar seus postos e os primeiros acordes começaram a
soar. Eles começariam a noite com o clássico “Garoto Podre”. Mau se jogou sobre
o público que cantou junto toda a letra. Mau estava muito bêbado e não se
importava com a grade colocada para separar o público dos ditos artista. Por
várias vezes durante a apresentação bradava contra as Universidades, contra a
Reitoria da USP. Sem medir palavras. Cantei testa a testa com Mau “Escolas” e gritei a plenos pulmões o hino do proletariado
“A Internacional”. Terminado o show, estava muito cansado e feliz por ter
soltado todas minhas neuroses e estava mais leve por algum tempo após tamanha
catarse.
Repostas as energias, fui assistir aos amigos da banda Mano
Pinga e Seus Comparsas. Mano Pinga não estava tão diferente do grande Mau e aos
gritos de Rock and Roll divertiu a todos os presentes. Na volta pra casa,
tivemos a companhia de dois integrantes do Mano Pinga...Zoyo e Lemão. Quando chegamos,
incrivelmente sem sono, Fabrício, Ratão e eu resolvemos aproveitar aquela bela
manhã com mais conversas e um violão desafinado. João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.
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