Rio de Janeiro, 23 de março de
1971.
Debruçado na janela do terceiro
andar, vejo os carros que passam pela rua. Cai sobre o asfalto uma chuva suave,
típica do verão carioca, apesar de ter se passado dois dias do início do
outono. Minha mente não deixa de pensar nela enquanto uma brisa suave golpeia
meu rosto trazendo as recordações; uma análise rápida do que se passou. Ah,
meus amigos, nós éramos felizes. Formávamos um belo casal. um tanto quanto
exótico, porém simétrico. – Simetria, que palavra engraçada! Repito na minha
cabeça, divagando por um instante. Lembro de outras palavras pronunciadas com
tanta verdade e das promessas feitas com tanta certeza. Lembro, também, dos
apelidos idiotas, os quais nos tratávamos com tanto carinho. Hoje nos tratamos
apenas por senhora e senhor. Antes costumávamos nos amar, mas o amor de outrora
simplesmente desmanchou-se no ar, juntamente com as palavras, as promessas e os
apelidos. Isso mesmo meus amigos, também fui pego de surpresa. Hoje o que nos
resta são dois corpos vazios que costumavam preencher um ao outro. Hoje o que
sobrou são corações em luto. Penso nisso tudo no tempo de um cigarro.
Relacionamentos são como cigarros: tudo está bem quando desfrutamos de seus
prazeres fugazes, mas no fim, nada mais são do que fumaça, desvanecendo-se
lentamente no ar.
Bruno Francia Carvalho é graduado
em História pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), pretenso vocalista,
apaixonado por leitura, cinema, literatura, história da arte e outras coisas
afins. Atualmente leciona como professor (na rede particular e estadual) e tem
muito apreço pela escrita independente tanto de poesias, como de textos
aleatórios que falam sobre o âmago de quem os escreve. Atualmente mantém um
blog independente cujo conteúdo revela seus pensamentos; com o mero intuito de
revelar para o público ideias particulares de uma pessoa comum que, como todo
mundo, sofre de amores e ódios e tenta expressar isso em palavras
Obrigado pelo espaço João!
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