sábado, 10 de dezembro de 2011

Dia do BASTA em Ribeirão Preto

Ontem, após voltar do trabalho em Jardinópolis, passei na Explanada do Teatro Pedro II em Ribeirão Preto para conferir o protesto contra a corrupção e a favor da educação. O dia do BASTA. Cheguei lá antes do horário previsto. Encontrei apenas o público do Teatro na fila aguardando para entrar. Ninguém ali que tivesse cara de manifestante. Resolvi esperar. Dar uma volta no quarteirão. Dar um tempo até que alguém chegasse. A chuva que caia durante todo o dia já estava dando sinais de trégua.
Eis que encontro um grupo de cinco ou seis pessoas. Cartazes, mão direita pintada de branco e nariz de palhaço. Estéticamente perfeitos. A Imprensa também estava lá. Mentindo a verdade pra variar. Mais pessoas chegaram e juntaram-se a nós. Mesmo assim não havia reunido mais do que 20 pessoas. Ah!! também pintei minha mão de branco. Pintar o rosto de verde e amarelo não fez muito meu estilo, afinal: Será que devo ter orgulho do meu país??? diz a canção.
 O grupo resolveu andar. Começar a passeata. Foi aí que percebi algumas coisas que me incomodaram. As pessoas presentes podiam estar alí com toda a boa vontade do mundo, mas não tinha base politica. Nem alguém que soubesse de fato  qual era o foco do protesto. Preferi me calar e gritar coisas que achei relevante como FORA CORRUPÇÃO!!!! MAIS EDUCAÇÃO!!!! Para alguns alí a passeata parecia uma grande brincadeira. Não senti seriedade nesse movimento. Conheci duas ou três pessoas com quem pude desenvolver um diálogo enquanto os demais preocupavam-se em tirar fotos. Algumas adolescentes seguravam os cartazes fazendo pose de modelo. A Manifestação foi muita rápida. Logo já tinha acabado. Não foi feito nada de relevante ontem. E quando quiseram fazer. como por exemplo levar aquela passeata por menor que ela fosse até a Prefeitura, a que me pareceu a lider, impediu com o argumento de que manifestação não era politica e sim da sociedade civil. Ficou a pergunta, mas o que não é POLÍTICA? Tudo gira em torno da política.
Por fim, ter vontade de se manifestar é o começo pra tudo, se você se sente indignado, proteste. Não perca tempo. Só que entenda que essa luta é política e se você não mexer no vespeiro a situção continuará sempre a mesma. Espero que ocorram outras manifestações e que a adesão aumente, mas que pessoas sérias passem a fazer parte disso. Faltou conteúdo ontem. Não façam protestos e manifestações tornarem-se piadas.




João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.






4 comentários:

  1. Boa tarde professor, João Francisco Aguiar.
    Obrigada pela presença de ontem na manifestação do Basta, apesar deu ter percebido que o Sr. era um observador, pela sua postura de ficar calado só olhando, pintou somente a mão, contrariou sobre ir a prefeitura e também para descermos até a baixada, local perigoso para maioria menores de 18 anos. Mas seria muito mais útil para todos envolvidos se o Sr. tivesse manifestado suas experiências colocando em prática o que diz saber a mais que todos que eestavam lá, com certeza teria surgido realmente um efeito para todos nós inexperientes que lá estavamos, foi minha primeira manifestação. Achei muito interessante pessoas que passeavam pelo centro participarem conosco, aumentando o número de 20 para 30, esse efeito o Sr. não anotou!
    Estou farta de ver políticos de teclado, moralistas e hipócritas. Acredito que mudanças consideráveis acontecem quando há colaboração. Enfim mudanças e melhoria dependem de quem realmente sabe como fazer ou pelo menos de quem diz como fazer!
    Somente posso dizer obrigada pela observação e não a colaboração que realmente deixou a desejar!
    Poderiamos ter recebido esta critica ontem quando poderiamos melhorar no dia do basta, mas esta mudança, melhoria só irá acontecer nas próximas.

    Atenciosamente,

    Luciana Ielago.

    Não modelo de cartaz muito menos fotografica, mas sim participente inexperiente do dia do Basta.

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  2. Acreditasse em tudo, não acreditasse em nada. Nunca houve tantas manifestações, manifestasse por tudo, mas no fim acreditamos mesmo que nossa ação vai mudar algo? Acreditamos que a mão pintada de branco do outro é uma mão companheira? Que não vai escorregar? Apagar-se? Nunca houve no mundo tamanha solidão. E segundo Bauman, hoje a nossa maior medida de espaço e tempo é o nosso efêmero e frágil corpo. Por isso é o único bem que estamos dispostos e nos parece possível a defender. Para mim, não dá mais para empreender uma luta política com as velhas e enferrujadas ferramentas da política, é preciso descobrir novas formas de organização social. Descobrir uma outra política, que exceda as formas estratificadas e corruptíveis e se aproxime da vida.

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  3. Querida Luciana, não é possível enfrentar o leão sem correr riscos, não estou sugerindo que devessem ter descido a baixada ou invadido a prefeitura, ou ter agido de maneira não pacifista. Digo apenas: não é possível sair ileso de qualquer ação verdadeira.

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  4. CONCORDO COM LUCIANA , INEXPERIENTE , POREM CONSCIENTE , DE QUE NAO PRECISAMOS DE POLITICOS INFILTRADOS PARA TENTAR MUDAR ALGO . PARABENS AO GRUPO POR EXEMPLO DE CIDADANIA , COISA QUE NAO VEJO EM LUGAR ALGUM SOCIEDADE CIVIL , SE UNINDO EM PROL DE SEUS DIREITO , SEM FILIACAO A PARTIDO .

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