sábado, 9 de fevereiro de 2013

Noite de dupla jornada no carnaval rock de Ribeirão




Enquanto algumas pessoas se preparavam para a folia  ao som de músicas que não representam em nada a musicalidade baiana que é riquíssima, outras tinham planos mais audaciosos para a noite de sexta-feira. Eu fiz parte do segundo time e junto de uma galera, fui na contramão do pré-estabelecido para a maioria dos mortais naquela noite.

A dupla jornada iniciou-se no conhecido Cauim que já há algum tempo dedica as sextas-feiras a potente voz de Sônia Paschoalick,  acompanhada sempre de ótimos músicos que dispensam apresentações. O destaque da noite ficou para Jorge do Trompete que apareceu para abrilhantar o som que já era bom e ficou melhor. O ponto negativo do cauim nos dias atuais é a cerveja que por motivos que variam de uma boca para outra, não é mais servida em garrafas e nem são dados mais copos de vidro. O tão almejado líquido é despejado em sua totalidade em um grande copo plástico. Não é preciso ser gênio para saber o que acontece. Você toma metade da cerveja e outra metade esquenta.Aí você passa a ter somente duas alternativas, beber a cerveja mesmo quando ficar quente ou dispensar o líquido  e sofrer a ira de Ninkasi, a Deusa Suméria da Cerveja. Preferi não correr esse risco, terminei meu copão, mesmo quente, e abstive-me de beber mais. Afinal, sabia que mais tarde teria onde matar a minha sede de álcool. Após o término do som no Cauim, um cachorro-quente e alguns cigarros, peguei carona com um dos comparsas de Mano Pinga, o guitarrista, Alemão, acompanhado de sua esposa e filho que nos deixariam no Paulistânia para a primeira noite de Carna Rock.
Ao descermos do carro, notamos que a primeira banda da noite já estava tocando. “Reconheci quando ouvi o refrão, “O meu dicionário não tem cu”.  Era a banda Ex-Tunc. Infelizmente não vi muito da apresentação deles. Na sequência seria a banda, Pensei que eu fosse alguém, como já  conhecia o som e ouvido repetidas vezes as oito músicas disponíveis na internet, me posicionei mais próximo do palco para acompanhar a apresentação da banda que me tornei fã. Agora sim, acompanhado de uma cerveja gelada e copo de vidro. Cenário quase perfeito, se não fosse a ausência de um cigarro aceso em uma de minhas  mãos. Infelizmente as leis não servem aos boêmios.
Saio para fumar um cigarro, deixar a taxa de nicotina tinindo em meu sangue. Dentro de alguns minutos, Mano Pinga e seus Comparsas fariam sua volta depois de quase um ano sem atividade. Aos primeiros acordes da banda, todos entraram para acompanhar as narrativas musicadas da vida de Julião pelas noites de Ribeirão Preto. Verdadeiras crônicas das ruas. A novidade da noite na apresentação da banda foi o cover de Raul Seixas que ficou muito bom na voz de Mano Pinga. Acho que passará a fazer parte do repertório.
Para encerrar a noite de bebedeira e rock and roll ,sem confetes ou serpentinas, a banda Gran Modern Glasses. Rock and Roll com pitadas  psicodélicas e riffs que não acabavam mais. Curti bastante. Vocal impecável. Não conhecia o som dos caras. Mostraram, além de muita energia, competência instrumental de sobra.
O som havia acabado, mas a cerveja e os cigarros, não. As conversas seguiram madrugada a fora. Histórias eram contadas e relembradas. Caronas foram dadas. E esse foi apenas o primeiro dia de Carna Rock.


 João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário