Enquanto algumas pessoas se preparavam para a folia ao som de músicas que não representam em nada a
musicalidade baiana que é riquíssima, outras tinham planos mais audaciosos para
a noite de sexta-feira. Eu fiz parte do segundo time e junto de uma galera, fui
na contramão do pré-estabelecido para a maioria dos mortais naquela noite.
A dupla jornada iniciou-se no conhecido Cauim que já há
algum tempo dedica as sextas-feiras a potente voz de Sônia Paschoalick, acompanhada sempre de ótimos músicos que
dispensam apresentações. O destaque da noite ficou para Jorge do Trompete que
apareceu para abrilhantar o som que já era bom e ficou melhor. O ponto negativo
do cauim nos dias atuais é a cerveja que por motivos que variam de uma boca
para outra, não é mais servida em garrafas e nem são dados mais copos de vidro.
O tão almejado líquido é despejado em sua totalidade em um grande copo
plástico. Não é preciso ser gênio para saber o que acontece. Você toma metade da
cerveja e outra metade esquenta.Aí você passa a ter somente duas
alternativas, beber a cerveja mesmo quando ficar quente ou dispensar o líquido e sofrer a ira de Ninkasi, a Deusa Suméria da
Cerveja. Preferi não correr esse risco, terminei meu copão, mesmo quente, e
abstive-me de beber mais. Afinal, sabia que mais tarde teria onde matar a minha
sede de álcool. Após o término do som no Cauim, um cachorro-quente e alguns
cigarros, peguei carona com um dos comparsas de Mano Pinga, o guitarrista,
Alemão, acompanhado de sua esposa e filho que nos deixariam no Paulistânia para
a primeira noite de Carna Rock.
Ao descermos do carro, notamos que a primeira banda da noite
já estava tocando. “Reconheci quando ouvi o refrão, “O meu dicionário não tem
cu”. Era a banda Ex-Tunc. Infelizmente
não vi muito da apresentação deles. Na sequência seria a banda, Pensei que eu
fosse alguém, como já conhecia o som e
ouvido repetidas vezes as oito músicas disponíveis na internet, me posicionei
mais próximo do palco para acompanhar a apresentação da banda que me tornei fã. Agora sim, acompanhado de
uma cerveja gelada e copo de vidro. Cenário quase perfeito, se não fosse a
ausência de um cigarro aceso em uma de minhas mãos. Infelizmente as leis não servem
aos boêmios.
Saio para fumar um cigarro, deixar a taxa de nicotina
tinindo em meu sangue. Dentro de alguns minutos, Mano Pinga e seus Comparsas
fariam sua volta depois de quase um ano sem atividade. Aos primeiros acordes da
banda, todos entraram para acompanhar as narrativas musicadas da vida de Julião
pelas noites de Ribeirão Preto. Verdadeiras crônicas das ruas. A novidade da
noite na apresentação da banda foi o cover de Raul Seixas que ficou muito bom
na voz de Mano Pinga. Acho que passará a fazer parte do repertório.
Para encerrar a noite de bebedeira e rock and roll ,sem
confetes ou serpentinas, a banda Gran Modern Glasses. Rock and Roll com pitadas psicodélicas e riffs que
não acabavam mais. Curti bastante. Vocal impecável. Não conhecia o som dos
caras. Mostraram, além de muita energia, competência instrumental de sobra.
O som havia acabado, mas a cerveja e os cigarros, não. As
conversas seguiram madrugada a fora. Histórias eram contadas e relembradas. Caronas foram dadas. E
esse foi apenas o primeiro dia de Carna Rock.
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