segunda-feira, 20 de maio de 2013

poema para três girassóis


ganhei girassóis
 girassóis de verdade
 não sairam do poema de ginsberg
 e nem do quadro que tenho em meu quarto
 trata-se de um  presente
 é assim que chegam até mim
 como oferendas
 sempre no momento em que mais preciso
 meu primeiro girassol
 chegou em forma de poesia
 em um uivo louco
 em uma noite triste
 e eu o devorei
 palavra por palavra
 saboreei cada verso
 e só parava de mastigar  nas vírgulas
 para relembrar o sabor dos verbos passados
 meu outro girassol
 brotou de mãos aprisionadas
 da solidão da cela
 para a da minha casa
 vive preso em uma parede
 a velar o meu sono

 os girassóis de agora
 não foram pintados
 e nem imaginados em metáforas
 esses de agora têm perfume
 precisam de cuidados
 há muita vida em meus três girassóis
 esses agora estão em um vaso
 um mais alegre
 o outro mais sensato
 e o mais velho triste
 sou muito amigo do mais velho
 gosto da mistura da essência
que os três exalam
um não poderia viver sem o outro
 há vida e morte em sua pétalas
 assim como em minhas lágrimas.



João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.



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